sábado, 21 de abril de 2012

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- Cara, você se arrependeu de ter terminado com ela?

- Olhe para mim! Você acha que eu me arrependi? Eu saía sexta e só voltava segunda de manhã para trabalhar. Eu peguei a mãe, a filha, a prima, a tia, e só não peguei a vó da vizinha porque ela tinha hemorróida. Eu tinha cortesia para entrar nas melhores baladas. Eu esnobei as garotas que todos os homens queriam pegar. Transei de segunda a sábado, e domingo eu via futebol. Detalhe, sem ninguém me chamando para ir ver a porra do casal feliz no Faustão ou sei lá o quê... Mandavam mensagens o dia todo e se você perguntar se eu li alguma, eu vou te dizer que não. Eu podia ver filme pornô, levar a guria que eu quisesse pra minha cama e depois chamar o taxi para ela ir embora para eu não precisar gastar gasolina, porque convenhamos, tá cara pra caralho! Eu era o que elas queriam de qualquer jeito... E eu, queria todas de qualquer jeito - mas só um pouquinho cada uma! Chamava todas de "Gata", para não errar o nome de nenhuma. E por que diabos elas achavam que isso era fofo? Eu ia pra academia às três da tarde e voltava às oito da noite. Tenho uma coleção de calcinhas perdidas, na última gaveta da minha estante. Eu saía na rua com o som alto no carro e podia escolher a dedo: Quero essa, depois essa e mais tarde, essa... Na minha geladeira nunca tinha uma caixa de cerveja; eram, no mínimo, quatro. Eu não devia nada para ninguém. A única guria que me cobrava alguma coisa, era minha mãe. Ela me cobrava minha cueca lavada e só. Não tinha que ir no cinema ver as comédias românticas e falar "Own amor, eu faria o mesmo por você!". Não tinha que deixar de ir à balada para fazer um lanchinho em família. Não precisava me preocupar em horário e olhava para quem eu quisesse na rua. Minha casa tinha festa toda quarta. Camisinha aqui tinha de todos os tipos. E eu ainda dava de brinde um moranguinho para cada garota. Meu trampo era sentado na frente do computador. Peguei tua irmã, cara. A amiga dela. A Carolzinha, filha do Prefeito da cidade. A Jú, filha do gerente do banco. Loira, morena, ruiva. As que gostavam de pagode, até as que gostavam de gospel. Eu tinha o mundo na minha mão. (...) E você me pergunta se eu me arrependi? Eu me arrependi pra caralho! Porque toda essa porra de vida perfeita - nesses 4 meses que fiquei sem ela - não teve valor nenhum depois que eu a vi sorrindo de um jeito que nunca sorriu para mim, para um outro cara aí... Para um vagabundo desgraçado que vai fazer ela feliz... FELIZ! Tem noção disso?! Porque eu, eu não a fiz feliz... E ainda mandei a melhor 'coisa' que eu tinha na vida me esquecer. E sabe o que é pior? Ela me obedeceu.

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