25.4.25

Os desafios de voltar a escrever tendo uma rotina sobrecarregada



Voltar a escrever depois de tanto tempo parece, às vezes, um reencontro com uma parte de mim que ficou esquecida entre compromissos, responsabilidades e boletos. É como visitar uma casa antiga, onde tudo está fora do lugar, mas ainda carrega o cheiro da minha essência.


A vontade de escrever nunca foi embora, mas o tempo… este se tornou um luxo. Entre a maternidade, o trabalho, a vida que corre sem pausa, muitas vezes faltava fôlego para sentar e ouvir o silêncio das palavras dentro de mim.


A mente cansada dificulta a conexão com a inspiração. O corpo exausto protesta quando a madrugada parece ser o único horário livre para escrever. E ainda existe a culpa: por estar parada, por não produzir o suficiente, por querer algo que não gera retorno financeiro imediato. É quando coloco os pés no chão e me lembro dos meus pais me ensinando que nem tudo na vida é sobre ter dinheiro. Às vezes, precisamos só ter paz e a sensação de dever cumprido. Então, voltei! Porque não posso ficar me cobrando pelo que gosto tanto e deixei de fazer. A nossa saúde mental deveria determinar as nossas prioridades. E é assim que me reconecto com minha paz interior: escrevendo!


Durante essa minha pausa, mesmo em meio ao caos, sempre existiu uma voz insistente que sussurrava: “Escreve!”; “Já está na hora de retomar a vida que você tanto gosta!”. Porque escrever não é só produzir conteúdo. É também processar sentimentos, entender dores, registrar sonhos e pedir a atenção de Deus por meios das palavras. Acho até que Deus é o primeiro a ler meus pensamentos, antes mesmo que eu os tenha e os qualifique num papel.


Voltar a escrever exige coragem. Recomeçar nunca é fácil, principalmente quando a perfeição tenta nos sabotar. Virginiana, né amores? Aqui nada é fácil porque a primeira a apontar meus erros, sou eu mesma! A gente quer escrever bonito, profundo, memorável. E esquece que o mais importante é simplesmente escrever. Sem filtro. Sem obrigação de agradar. Só escrever. Porque nem tenho palavra nova todos os dias para fazer diferente. Nem consigo sair muito do meu estilo que vocês já conhecem e (acho que) gostam.


Tenho aprendido a acolher meus ritmos e resolver meus anseios, antes que eles me atrapalhem. Hoje, se escrevo uma linha por dia, celebro. Porque é uma linha a mais de mim no mundo. É mais uma linha que de algum modo estará vibrando no coração de alguém que a lê, fazendo um bem enorme… “É sobre isso”, sobre o meu tema infinito “Bem que te quero bem”!


A vida pode estar sobrecarregada, mas meu coração ainda carrega palavras. E isso já é um bom começo…


(Aline Marujo Abdalah)



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